terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Mário Nogueira faz tiro ao alvo e o objetivo é abater David Justino e reforçar o controlo do CNE


Mário Nogueira, na sua coluna de opinião no Correio da Manhã, aponta o alvo a abater: David Justino, a quem acusa de ser ideólogo e o operacional da direita:


O antigo testamento desta "religião" dava pelo nome de Lei de Bases da Educação, data de 2004 e teve por mentor o então ministro David Justino. A lei, porém, não passou em Belém. Doze anos depois, fiel à sua obra, em sede partidária e em outras bem mais discutíveis, o ideólogo esforça-se por levar a sua avante e, nesse sentido, assume-se também como operacional. Fonte: aqui
A "religião" a que o dirigente comunista se refere é tudo aquilo que tenha que ver com a generalização dos exames nos finais de ciclo, valorização do mérito e do esforço no ensino e criação de vias de ensino que respondam à diversidade de interesses, capacidades e talentos dos jovens. Em resumo, tudo aquilo que Nuno Crato fez entre 2011 e 2015 e a coligação esquerdista desfez em pouco mais de dois meses, sempre sob a batuta do grande maestro que comenda a orquestra - melhor dizendo, o circo - , o homem que dirige a Fenprof há mais de duas décadas e se viu agora dotado de poder para mandar executar as orientações que o PCP entende dar ao Governo e ao ministro-procurador.

A esquerda teve, desde sempre, o controlo do Conselho Nacional da Educação. Sei do que falo: cumpri dois mandatos, o primeiro, nos anos 90 do século passado, em representação das associações pedagógicas, o segundo, entre 2012 e 2015, em representação do Governo. 

A nomeação de David Justino para a presidência do CNE foi uma lufada de ar fresco. De repente, deixou de haver temas tabus e a produção editorial e dos pareceres transbordou das posições habituais impostas pela ortodoxia socialista e comunista, alargando-se a novas temáticas e a novas propostas para os problemas da educação. 

A hegemonia esquerdista manteve-se mas enfraqueceu. 

Quando Nuno Crato me disse que ia propor o meu nome para o CNE eu retorqui: "não se vale a pena porque o CNE é controlado hegemonicamente pela esquerda". Ele respondeu: "nunca foi tão pouco esquerdista como agora". E se alguma verdade havia nisso, em parte devia-se à forma como David Justino exerceu a liderança do CNE. Três meses depois de o Governo da Frente de Esquerda tomar posse, o ministro da educação nomeava os novos membros do CNE em representação do Governo, substituindo os anteriores. Não por acaso, todos eles de forte pendor esquerdista. Nesse preciso momento, David Justino tornou-se o alvo a abater tendo em conta o eterno objetivo dos esquerdistas que é o de controlarem o aparelho de estado e as instituições de caráter educativo, cultural e social. O controlo e domesticação das grandes empresas privadas vem depois mas isso é outra história que não cabe num espaço de opinião sobre educação.

Há quatro décadas que não víamos nada assim. Sabemos como acabou a revolução educativa dos anos do PREC, Se as mesmas causas tendem a produzir os mesmos efeitos, é fácil adivinhar onde vamos chegar. Basta ter a memória do PREC e do trabalho hercúleo que o ministro da educação Sottomayor Cardia teve para restaurar a ordem e o bom senso nas escolas para ficar com uma noção daquilo que será necessário fazer quando os desmiolados que tomaram conta do Ministério da Educação forem despedidos pelos eleitores. Até lá, muita destruição ficará pelo caminho.



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